Capítulo 6 - O sermão do padre Aleto

A conversa com o sr. Felipo deixou mais dúvidas na cabeça do detetive Sérgio.
- Como lhe disse detetive, e conto com sua discrição, eu sai com a cocote. Fomos até a casa abandonada que fica próxima ao cassino. A casa pertence ao senhor Martino, o dono da tenda de carnes. Ele deposita lá alguma de suas ferramentas de caça, mas no mais a casa não é usada para nada.
- E o senhor Martino tem conhecimento que usaram a casa dele?
- Não, ele não sabe de nada.
- O senhor disse que trouxe de sua fazenda em San Savino um ramalhete de flores brancas, certo?
- Sim, eram rosas, estavam tão bonitas, queria presentear minha filha Sadine. Porém eu as deixei lá na casa abandonada, e depois que a tal cocte foi embora eu não encontrei mais as flores.
- Exatamente onde o senhor deixou as flores?
- Numa varanda, na frente da casa.
- E viu se a senhorita Violeta as pegou?
- Não, isso eu não vi. Ela saiu antes de mim, para não corrermos riscos de sermos pegos. Depois disso saí e não a vi mais, tão pouco a senhora Ingerborg pela rua. Até porque eu fui por outra rua, para não passar em frente ao cassino. Dali, como lhe disse fui direto para casa.
- Bom, terei que ocnversar novamente com essa rapariga. Mas agora tenho que ir até a casa dos Lori, preciso conversar com dona Carmela.

E assim, partiu o detetive, nem esperou o café que a governanta da casa do De Carli traria.
Chegando a casa dos de Lori, o detetive foi recebido por Nhá Cleide.
- Sente-se sinhô. A madame Carmela já vem recebê suncê.
- Obrigado.
- Aceita um café?
- No momento não, obrigado.

Alguns minutos depois dona Carmela desceu, trajando como sempre um vestido azul. O detetive a cumprimentou, explicou o motivo de estar ali. E foi direto ao assunto.
- A senhora costuma comprar rosas brancas, não?
- Sim, são minhas flores preferidas.
- E como foi o dia em que houve a discussão entre a sra. Schartz e as cortesãs?
- Foi uma vergonha. Terrível. Lamentável. Não podemos nos misturar com gente de tal estirpe. Mas a sra. Ingerborg, não deveria ter se metido. Se tivesse ficado quieta, nada teria acontecido.
- A senhora saiu na naquela noite?
- Óbvio que não. Não costumo sair a noite. Pergunte para qualquer pessoa dessa casa.
- Não será preciso. Bom, devo partir agora. Foi muito produtiva nossa conversa. Creio que estou perto de resolver o ocorrido.

***

No domingo seguinte todos acordaram cedo para ir a missa do Padre Aleto. O padre era muito querido pela população local, e suas missas estavam sempre lotadas. Como de tradição grande parte das mulheres sentava de um lado da igreja, quanto os homens sentavam no lado oposto.

O sermão do padre foi deveras longo naquela ocasião. O que deixou Sadine imapciente, porque seu grande interesse na missa era olhar para o outro lado onde Peter estava sentado com seu pai e avô. Os olhares foram recíprocos naquele falatório.

- Meus filhos. Começou o padre.
- Os fatos que ocorreram alguns dias atrás, perto do Ano Novo, me deixaram demasiado preocupado. Não é da vontade de Deus que as pessoas de moral, e integridade incontestável misturem-se a pessoas de vida fácil. Devemos combater com rigor esse tipo de acontecimento. Não é porque Maria Madalena foi perdoada que qualquer cortesã deve ser também. Estas mulheres só merecem o perdão se partir delas pedir o perdão a Deus. Mas Deus só perdoa aqueles que seguem suas leis. Por isso eu peço encarecidamente, que os homens aqui presentes, todos eles, atentem ao grande mandamento de Deus, de honrar a mluher do próximo. Isso significa que vós deveis honrar suas mulheres. Não deveis sustentar a vida fácil destas mulheres, ue existem apenas para destruir o sagrado casamento.
E baseado nisso o padre fez todo o seu sermão.

Malvina e Dulcida, as beatas mais fervorosas, se pudessem dariam uma salva de palmas. Para elas, as cocotes deveriam ser expulsas da sociedade, marginalizadas. Com certeza elas estariam entre as pessoas que jogaram pedras em Maria Madalena, se vivessem na época.

Na sáida da igreja, Peter dirigiu-se a Sadine:
- Minha cara gostaria de passear essa noite comigo, dissem que o rio Arno é muito bonito a noite, e hoje parece que teremos um belo luar.
- Eu fico muito agradecida pelo convite, mas não sei se poderei aceitar, é que visitarei uma amiga minha que mora aqui perto.
- Mas não ficarás toda a noite na casa dela, estou certo?
- Sim, está.
- Então nos encontramos aqui mesmo na frente da igreja, às 9 horas da noite. Eu lhe esperarei aqui. E então por ser tarde lhe acompanho até sua casa.
- Sendo assim, o convite é irrecusável.

A senhora Malvina foi surpreendida pelo senhor Martino, na frente de muitas pessoas. O senhor Martino, a muito tempo era viúvo, e desde algum tempo admirava a sra. Malvian, que nunca havia se casado. Para ele era importante terminar a vida acompanhado de alguém, para que não tivesse uma velhice solitária.
- minha cara Malvina. Eu lhe trouxe essa flor. É uma gérbera. Comprei de Van Goëthe. Escolhi a mlehor que encontrei.
- Mas que atrevimento. Porque me tomas, seu bêbado.

Todos sabiam que o senhor Martino tinha problemas com o vinho. Tomava em demasia, desde os primeiros minutos do dia.
- Desculpe-me senhora, não estou lhe tomando. Queria apenas lhe entregar esse mimo. Com toda minha gentileza e admiração por sua pessoa.
- Pois deveria se envergonhar. Veja só, todos estão nos olhando. Que vergonha. Na frente da casa de Deus. Entregue essa maldita flora para alguma das cortesãs. Elas sempre passam sorrindo pela sua tenda. Dulcina, amiga, vamos embora daqui, nunca me senti tão envergonhada.

A cara de bobo que se estampou no rosto do sr. Martino foi motivo de muitos risos, e principlamente de muita chacota, por parte de seus amigos, o sr. Paolo e a sra. Van Göethe, que lhe acompanharam até a casa do sr. Cisnério, onde almoçariam juntos, falariam sobre a vida alheia, e comeriam um belo pato assado, caçado pelo sr. Martino.
No caminho da casa do sr. Cisnério, eles encontraram Emanuelle e Emilieva, que estavam perambulando pela cidade.
- Bom dia senhoritas. Cumprimentou o sr. Paolo.
- Bom dia.
- Meninas, qual das duas aceitaria essa flor, eu comprei para presentear uma senhora, mas ela desprezou.
- Quem desprezaria tamanha gentileza, sr. Martino? Perguntou Emilieva.
- A sra. Malvina. Precisavam ver, saiu soltanto fogo pelas ventas. Disse Van Göethe.
- Eu acieto meu amigo. Disse Emilieva.
- E o padre ainda disse para não sermos gentis com vocês. Mas fico feliz por acietar meu presente.
- Pois estes padres são as piores pessoas do mundo. Se pudessem nos queimavam vivas. Assim como essa tal Malvina. Disse Emilieva.
- Ande Emilieva. É melhor não demorarmos muito. Desculpem senhores, mas é melhor que não nos tomem mais. Sinceramente, não vim para cá, para ter problemas com esse tipo de gente. Falou Emanuelle.
- Não precisa ser arredia, minha filha.
- Não sua sua filha sr. Martino. E se o senhor bebesse um pouco menos, talvez teria um pouco mais de vergonha. Talvez não seria humilhado como foi. Aceite esse meu conselho, porque de humilhação eu entendo muito bem.

***

Naquele mesmo dia, Giulian e Charlote Smith aceitaram o convite do sr. Felipo e foram conhecer suas videiras. Peter almoçou com os avós e durante a tarde foi visitar o amigo André Ravéras. Os dois foram até uma taverna do outro lado da cidade onde encontraram Tulio Munari. Prometeram que irama um dia no cassino. Mas a conversa não foi tão amigável como pareceu.

Tulio havia dito que em seu cassino, um americano inexperiente não teria chances de ganhar nada. Saria devendo até as calças. Do outro lado Peter, um pouco embalado pelo vinho disse, que quebraria a banca, e prometeu que na noite seguinte demonstraria suas grandes jogadas no pocker. Não houve uma grande cumplicidade entre os dois, e André vendo que a conversa poderia terminar com ânimos alterados, lembrou Peter que ele ainda tinha um encontro naquela noite.

Apressaram-se de volta a suas casa, e Peter pediu que Nhá Cleide prepara-se a tina com água quente, que ele queria tomar um bom banho antes de partir ao encontro. Às 9 horas em ponto lá estava ele esperando por Sadine, que demorou cerca de quinze minutos para aparecer. Sentaram-se no banco em frente a igreja.
- Boa noite minha querida. Como foi a visita a sua amiga?
- Foi ótima. Falamos muito, Até das cortesãs falamos. Sabe, um dia desses, no mesmo dia em que a a amiga de minha mãe foi assassinada, encontramos com elas na loja do chinês. Eu briguei com uma delas. Uma loira branquela. Tenho ódio daquele rosto, chego a ter pesadelos.
- Eu as vi esses dias pela rua. Não me pareceram más pessoas.
- Por Deus, Peter, não prestou atenção no padre Aleto hoje?
- Sinceramente não. Prestei atenção em você.
Corada, Sadine tentou desviar o assunto.
- Pois é, uma tragédia que aconteceu. O detetive interrogou todos lá em casa.
- Na minha casa também, mas creio que ele esteja longe de solucionar o problema. esses dias eu o encontrei saindo do bordel. Passava por lá pois ia até a casa de meu amigo André, e o bordel fica no caminho. Conversei com o detetive. Tentei assuntar alguma coisa. Só o que ele me disse é que uma das cortesãs, de nome Violeta, negou mais uma vez que tinha visto algum ramalhete de rosas brancas. Pelo visto é a única pista que ele tem sobre o assassino.
- Sim, meu pai foi questionado por isso, mas ele tão pouco teve conhecimento disso coitado. O detetive disse que foi encontrado um ramalhete dessas flores próximo ao local do crime. E se não estou engana, Violeta é o nome da tal cocote com quem discuti. Meu Deus, que perigo eu corri, estive ao lado de uma assassina.
- Não acuse ninguém sem porvas minha cara.
- Foi ela. tenho certeza. O detetive uma hora conseguirá pegá-la. Essas mulheres tem o dom da mentira. E da sedução. No mínimo ela deve ter enfeitiçado ele. Só pode.
- Deixe-a para lá. O que importa é esse nosso momento.
- Você me deixa encabulada Peter.
- Não fique, eu apenas queria poder beijá-la. Penso em ti todos os dias.
E estavam prestes a beijar-se quando surgiu perto deles o padre Aleto.

***

Na mesma noite, ao entardecer, chegaram na casa de Madame Filipa, o sr. Cisnério e o já mais que bêbado senhor Martino. Chegaram com uma boa grnade quantidade em dinheiro.
- Madame Filipa, escolha duas de suas meninas, uma para mim e outra para meu amigo aqui. Queremos nos divertir hoje.
- Pois não. Brunette! Violeta! Venham aqui. Ordenou Madame Filipa.
- Quero que façam companhia a esses gentis senhores.
Brunette tratou logo de sentar-se no colo do senhor Cisnério.
- Venha acá formosura, disse o senhor Martino para Emanuelle, que sentou ao seu lado.
- O senhor pelo visto está em poucas condições hoje. Tão pouco ouviu meu conselho.
- Você é paga para me divertir, não para me dar conselhos, sua atrevida. Madame Filipa!! Traga-me outra puta, essa aqui é muito grosseira, não sabe agradar os cliente.
- Violeta, querida, dê uma volta lá fora, creio que precisas espairecer um pouco. Mais tarde teremos uma boa conversa. Amora! Faça companhia ao senhor Martino.
Mas o senhor Martino levantou-se cambaleando e foi embora.

Emanuelle saiu um pouco temerosa com a conversa que teria mais tarde com Madame Filipa. Estava com pouca paciência naquela noite. Seus pensamentos estavam na França. Apesar de ter sido ruim a vida na casa de Robes Pierre, sentia falta do glamour que Paris possuia. Distraída foi perambulando pela cidade, passou atrás da igreja, e lá novamente encontrou o senhor Martino, que disse muitos desaforos a ela.
- É por essas e outras, senhor, que tu sempre serás humilhado nessa vida! Disse Emanuelle e partiu.
Deu a volta pela rua e ao chegar próximo a frente da igreja viu sentados num banco Sadine e o Padre Aleto. Ficou escondida, não queria ter que discutir com mais alguém naquela noite.

No banco o padre aconselhava Sadine:
- Minha filha, faço muito gosto num casamento entre você e o filho do sr. Giulian. Mas namorem em casa, com seus pais presentes. Siga as regras das moças de família.
- Eu o farei padre. É que como lhe disse, eu estava indo embora, fui visitar minha amiga, que mora aqui perto e o encontrei. Mas está tarde, creio que devo ir embora agora.
- Tenha uma boa noite minha filha.

Emanuelle viu Sadine indo embora, e o padre entrnado na igreja, quando resolveu seguir seu caminho. Da lateral da igreja surgiu Peter, o que deixou Emanuelle docemente surpresa.
- Boa noite.
- Boa noite senhor.
- Que faze por aqui, minha cara?
- Eu estava um pouco irritada, resolvi sair pelas ruas, ver a lua, e espairecer um pouco. E tu?
- Eu estava aqui, com uma amiga, pode-se dizer. Mas o padre chegou. Eu disse que iria embora. Fique esperando que ele se recolhe-se, tinha esperança de acompanhar minha amiga até sua casa. Não pega bem, deixar uma donzela sozinha pela noite.
- É verdade. Isto de acordo com a sociedade. Porém eu não preciso de compainha para sair.
- Estas dispensando minha companhia?
- Não. Pelo contrário. Ver-te me agrada muito. Mas vivemos em mundos diferentes. Sua namorada é a companhia ideal para ti.
- Com certeza, é uma futura esposa ideal. Mas se você já está mais tranquila, eu posso ir contigo até a casa da Madame Filipa, e ainda posso te acompanhar o resto da noite.
- Pois vamos então. Para mim não a desfecho melhor para essa noite.

***

Umas duas horas depois de conversar com Sadine, o padre Aleto foi surpreendido com batidas na porta da igreja. Alguém batia com violência e gritava.
- Padre! Padre! Por favor, levante-se!
O padre que já estava dormindo, levantou-se o mais rápido que pode e foi atenter aquele que suplicava sua presença.
Ao chegar na porta, deparou-se com o sr. Cisnério, esbaforido e catatônico.
- Que houve senhor Cisnério. Que aconteceu, que o senhor quase pôs minha igreja abaixo?
- Padre, algo terrível aconteceu. Eu e o sr. Martino fomas passear, afinal essa é uma bela noite. Ou era, porque agora me parece trágica!
- Sim, meu filho, mas conte-me tudo o que aconteceu.
- Então padre, nossa, por Deus, não sei como dizer. Nós fomos até a casa de um amigo. Ms o senhor Martino bebeu além da conta e foi trocando as pernas embora.
- A bebida é uma desgraça interrompeu o padre.
- Agora eu concordo plenamente com o senhor. Pois o sr. Martino resolveu do nada ir embora. Eu dei um tempo, e me dei conta que ele não teria condições de ir embora sozinho. Fui atrás. O caminho que fazia passava por aqui, por trás da Igreja. E foi lá que eu o encontrei, mas eles está desmaiado no chão padre. O senhor pode ajudar-me, precisamos fazer algo, ou ele congelará de frio. E eu sozinho não tenho mais forças de carregá-lo.
- Eu o ajudo vamos até lá. Mas só me faltava essa. Ter que acolher agora um bêbado que não conhece o limite da bebida. Porém seu pavor me fez acretidar que algo mais grave.

Chegaram rapidamente na parte de trás da igreja e lá jogado no terreno vazio estava o sr. Martino.
- Ande sr. Martino, acorde homem. Vamos lhe levar daqui, mas precisa colaborar. Disse o sr. Cisnério, dando tapas no rosto do amigo, tentnado fazer com que esse acordasse.
- Deixe-me tentar, sr. Cisnério. Acorde sr. Martino. Acorde. Minha nossa senhora! Exclamou o padre.
- O que foi padre.
- Esse senhor não está desmaiado, está morto! Veja. Ele não respira mais. E a sangue em sua nuca.
- Eu temi que fosse isso. Não queria acreditar! Por Deus! Quem faria isso com o senhor Martino!?
- Não sei, não sei. Que tragédia. Nos pés de minha santa igreja. Isso é coisa do demônio.
- E pelo visto o demônio deixou sua arma. Veja ali padre, uma enxada! Uma enxada com sangue. Golpearam o sr. Martino. Mais um assassinato ocorre em menos de quinze dias.
- Que Deus tenha piedade desse homem. Agora precisamos chamar urgentemente o detetive Sérgio. Eu ficarei aqui, e o senhor chame o detetive. Mas tome cuidado e preste atenção. quem fez isso pode estar por perto.
- Farei isso! Farei isso agora.
E assim, o senhor Cisnério saiu correndo pela madrugada em busca do detetive Sérgio, que teria mais um crime a desvendar.

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